Gastronomia
"(...) uma terra amiga da produção tanto nos altos como nos baixos, uma tela cultural diversa e abundante, um mar interior que faculta o pescado todo o ano explicam o relato de autossuficiência sustentado no discurso dos monges eruditos. Este patamar de riqueza dos frutos da terra e do mar tem tradução na diversidade, quantidade e qualidade da mesa monástica. Aos frutos produzidos no domínio agrário junta-se toda uma panóplia de bens alimentares de proveniência nacional e estrangeira que confere elevação e requinte, sobretudo nos atos de receção de altos dignitários e aristocratas."
In, “Requinte Paladar – Gastronomia Monástica de Alcobaça”, de António Valério Maduro
TRADIÇÃO GASTRONÓMICA DE ALCOBAÇA
LEGADO DOS MONGES AGRÓNOMOS
Os monges cistercienses, também conhecidos por monges agrónomos, administraram o território dos antigos Coutos de Alcobaça. Junto das gentes locais imprimiram o saber fazer numa vasta região de cariz fortemente agrícola. Foi este conhecimento, trabalhado em terrenos férteis e propícios à produção de legumes e de fruta, que tornou este território na mais importante região pomícola do país. A abundância e qualidade da saborosa e variada fruta (como as peras, maçãs e pêssegos) e o vasto conjunto de leguminosas, ainda hoje aqui produzidos, é disso testemunho.
Além da fruticultura, onde se destaca a Pera Rocha e a Maçã de Alcobaça também a os Doces Conventuais representam uma forte marca gastronómica do concelho, com destaque para as Cornucópias, as Delícias de Frei João, Pudim de Ovos dos frades do Convento de Alcobaça, Queijadas do Bárrio, Gradinhas de Alcobaça, Tachinhos à Dom Abade e o Pão de Ló de Alfeizerão.
Mas não é só através da doçaria que a gastronomia regional se exprime nesta zona. Tradicionalmente rica em matas pejadas de caça que se entremeavam com os fecundos terrenos de cultivo, junto de um mar que convida à pesca e ao comércio, cursada por rios e ribeiros de águas límpidas, Alcobaça sempre foi terra de fartura, bem conhecida, ainda hoje, pelas suas frutas, pelo vinho, pelo azeite e pelo pão.
Ao longo do século XX surgiram algumas especialidades que se tornaram autênticos cartões de visita gastronómicos de Alcobaça, como é por exemplo o Frango na Púcara. Mais recentemente tem vindo a ganhar notoriedade a carne de Porco Malhado de Alcobaça, uma das únicas três espécies de suínos autóctones de Portugal.
Em termos da produção de vinhos e licores, destaque para o tradicional Licor de Ginja de Alcobaça e para um forte ressurgimento dos vinhos de Alcobaça, fruto do trabalho efetuado essencialmente pela Adega de Alcobaça e pela Quinta dos Capuchos.
Um concelho de culturas e de tradição gastronómica que sabe receber e oferecer qualidade e excelência aos visitantes. Não passe sem cá voltar!
"(...) uma terra amiga da produção tanto nos altos como nos baixos, uma tela cultural diversa e abundante, um mar interior que faculta o pescado todo o ano explicam o relato de autossuficiência sustentado no discurso dos monges eruditos. Este patamar de riqueza dos frutos da terra e do mar tem tradução na diversidade, quantidade e qualidade da mesa monástica. Aos frutos produzidos no domínio agrário junta-se toda uma panóplia de bens alimentares de proveniência nacional e estrangeira que confere elevação e requinte, sobretudo nos atos de receção de altos dignitários e aristocratas."
In, “Requinte Paladar – Gastronomia Monástica de Alcobaça”, de António Valério Maduro