Licor de Ginja de Alcobaça - Origem Conventual

Os Doces e Licores conventuais tem origem nos conventos e mosteiros.
Os licores e os unguentos, eram destilados ou macerados a partir de bagas, plantas, ou gorduras animais, e eram usados para fins medicinais.
Com a extinção das ordens religiosas, essas fórmulas passaram de mão em mão, de geração em geração.

Antigas Boticas

As boticas estão presentes nos Mosteiros desde que São Bento estabeleceu a Ordem Beneditina, no século V. Era necessário prover a saúde com os remédios necessários. A maioria das boticas monásticas conhecidas na Europa ocidental, encontrava-se no interior dos conventos e mosteiros para acudir aos religiosos, às populações e aos peregrinos que ali acorriam em busca de auxílio.
Frequentemente, dispunham de um jardim botânico ou horto do boticário com cultivo de espécies para o tratamento dos enfermos, como era hábito na época.
No antigo Egipto e na civilização árabe já havia muito conhecimento das plantas como remédio. Os descobrimentos portugueses contribuíram para o conhecimento de muitas espécies vegetais de origem asiática, utilizadas no tratamento dos “males do corpo”. Após a chegada de Vasco da Gama a Goa, em 1498, deu-se o conhecimento de espécies aromáticas e medicinais, que na época eram muito valorizadas no continente europeu. Deslumbrados com as riquezas e singularidades da Índia, muitos homens viajaram para o Oriente, entre eles, o médico, de origem judia, Garcia d’Orta, autor do “Colóquio dos simples e drogas”, obra essencial na divulgação de espécies botânicas de origem asiática e propriedades terapêuticas.
O descobrimento do Brasil deu início à adaptação ao novo ambiente, no que respeitava ao clima, alimentação e novas enfermidades desconhecidas. Para a cura das doenças, era primordial que os colonizadores tivessem conhecimento dos benefícios e malefícios das espécies medicinais da flora americana, utilizadas pelos ameríndios.
Pela descrição das despesas nos livros do Mosteiro de Alcobaça, constam entre elas, as obras efetuadas na botica, os provimentos de mezinhas, roupas de cama e mantimentos. Assim, poder-se-á ter uma noção aproximada da importância do papel que desempenhava a botica e o respetivo boticário do mosteiro, para os monges, os doentes e pobres. As localizações da botica e da enfermaria foram alteradas ao longo do tempo, em função do crescimento do Mosteiro.

Informação baseada/adaptada do livro “Um Mosteiro Entre os Rios - o território alcobacense”, 2021, artigo de Marízia M. D. Pereira, Maria do Céu Simões Tereno e Maria Filomena Monteiro).

Licores de Ginja de Alcobaça

Licor de Ginja de Alcobaça (MSR) – o mais antigo licor de Ginja ainda em produção.
No seguimento da tradição vinícola de Alcobaça e de um ambiente cultural vibrante, a história do Licor de Ginja ganha vida através de Manuel de Sousa Ribeiro. Vindo de uma família distinta e educado na produção de vinhos, Sousa Ribeiro trouxe consigo uma visão audaciosa e um desejo de criar algo verdadeiramente único.
Nos anos turbulentos da década de 1920 encontrou seu caminho para Alcobaça, entrando no mundo das vinhas e das destilarias locais. A sua paixão e dedicação rapidamente o transformaram num especialista respeitado, conhecido pela sua habilidade na produção de vinhos, vinagres e aguardentes.
Determinado a elevar o padrão das tradicionais ginjas caseiras e criar algo verdadeiramente extraordinário, buscou a perfeição em cada gota de licor que criava.
E assim, após anos de trabalho incansável e dedicação, nasceu a lendária Ginja M.S.R. Uma obra-prima, cuja receita original, criada por Sousa Ribeiro em 1930, permanece intocada até os dias de hoje.
Cada gole é uma viagem no tempo e uma homenagem à determinação de um homem que ousou sonhar em grande.
Informação retirada/adaptada do site da marca.

Atualmente, existem outras marcas e produtores de licor de Ginja em Alcobaça, de grande qualidade, tais como: Ginja Lemos Figueiredo, a Ginja Abadia de Alcobaça e a Ginja Real de Alcobaça que sobressaem pela sua qualidade.
A par destas marcas existem em muitos lares as tradicionais ginjas caseiras, receitas dos avós, que ainda hoje se produzem por cá (“com ou sem elas” – as ginjas).

Vamos brindar?

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